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Daniela Mayumi

04 agosto 2025

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Hotelaria Protagonista: o Associativismo como Estratégia de Fortalecimento do Setor

Hotelaria Protagonista: o Associativismo como Estratégia de Fortalecimento do Setor

Por Carlos Bernardo, VP de Operações da Accor PM&E Brasil

 

Balcão de recpção de hotel, com funcionários ao fundo, em desfoque. E foco no sino, símbolo do atendimento hoteleiro

Foto: Freepik

 

“A interlocução entre todos os elos da cadeia é a única forma de construir soluções equilibradas e sustentáveis.”

A hotelaria tem um papel fundamental na engrenagem do turismo e dos eventos, mas esse protagonismo nem sempre se traduz em participação ativa nas entidades representativas do setor. O associativismo, quando bem estruturado, é um instrumento poderoso de defesa de interesses, articulação público-privada e geração de negócios — mas sua eficácia depende do engajamento real de profissionais e empresas.

 

Ainda é comum ver uma participação tímida de hotéis nas entidades que representam o setor, com raras exceções de profissionais mais comprometidos. Em contrapartida, hotéis independentes conseguem se fazer mais presentes em fóruns, reuniões e articulações institucionais. Esse cenário revela uma oportunidade: retomar uma cultura de envolvimento setorial, com protagonismo local e participação descentralizada.

 

O papel do gerente geral nesse contexto é crucial. Não basta que uma rede esteja associada — o impacto real acontece quando o profissional que atua no território assume o papel de articulador, representando o setor nas pautas que afetam diretamente sua região, sempre alinhado com as diretrizes da organização e as áreas de relações institucionais.

 

A pandemia deixou como legado um aprendizado valioso: quando o setor se une, os resultados aparecem. Naquele momento crítico, entidades passaram a trocar informações, protocolos de segurança e experiências em tempo real. Medidas como o PERSE — que isentou PIS e COFINS para empresas de turismo até abril de 2025 — só foram possíveis graças à mobilização organizada de diversas instituições.

 

Outro exemplo marcante veio do estado de São Paulo. Diante da proposta de aumento do ICMS de 3,2% para 12% sobre a hotelaria, entidades como o convention bureau articularam uma frente comum para negociar com o governo. O resultado foi a fixação em 4% — uma vitória importante para manter a competitividade do setor.

Para que conquistas como essas aconteçam com mais frequência, é preciso intensificar o diálogo entre o setor privado e os órgãos públicos. A aproximação com secretarias de turismo, por exemplo, permite que as necessidades da hotelaria sejam compreendidas com mais clareza. Esse processo exige mediação institucional, e é justamente aí que as entidades como convention bureau, associações de hotéis, bares, restaurantes e eventos desempenham um papel essencial.

 

É fundamental também compreender o ecossistema do turismo como um sistema interdependente. Há desafios concretos que só podem ser enfrentados com diálogo e entendimento mútuo: desde as comissões das OTAs, até a burocracia enfrentada por agências e locadoras de veículos para operar em determinados destinos. A interlocução entre todos os elos da cadeia é a única forma de construir soluções equilibradas e sustentáveis.

 

Nesse sentido, os fóruns promovidos por entidades como o Visite São Paulo Convention Bureau, que ocorrem ao menos duas vezes ao ano, são oportunidades únicas para atualização, troca de experiências e planejamento estratégico coletivo. Nessas ocasiões, são apresentados dados, tendências, ações de captação de eventos e frentes de atuação institucional — tudo o que permite aos profissionais da hotelaria se posicionarem com mais clareza diante dos movimentos do mercado.

 

Por outro lado, é necessário reconhecer que essas entidades precisam de sustentabilidade financeira para manter suas atividades. Iniciativas como o room tax, contribuições associativas e patrocínios são fundamentais para viabilizar a promoção de destinos, a captação de eventos e a representação institucional. Quando uma cidade atrai mais eventos, todos ganham: hotéis, agências, transportadoras, comércio e o próprio destino.

 

Muitas reuniões institucionais são mensais, com duração de poucas horas — e podem até ser encaixadas no horário de almoço. Além disso, os próprios gerentes podem sugerir pautas e adaptar agendas, tornando sua participação ainda mais estratégica e relevante.

 

É hora de fortalecer essa cultura. A hotelaria não pode se isentar do debate. Pelo contrário: precisa estar sentada à mesa, participando das decisões, defendendo seus interesses e ajudando a moldar o futuro do setor. Associar-se é o primeiro passo. Mas mais importante do que isso é estar presente, propor, colaborar.

 

O turismo e os eventos precisam de uma hotelaria comprometida, articulada e ativa. O futuro do setor será definido por quem escolher estar junto, construindo coletivamente caminhos mais sólidos e sustentáveis para todos.

Carlos Bernardo aponta a importância do associativismo para o setor de turismo

“O associativismo, quando
bem estruturado, é um
instrumento poderoso
de defesa de interesses,
articulação público-privada
e geração de negócios”

 

 

“É fundamental também
compreender o ecossistema
do turismo como um sistema
interdependente. Há desafios
concretos que só podem ser
enfrentados com diálogo e
entendimento mútuo”

 

 

“Iniciativas como o room tax,
contribuições associativas e
patrocínios são fundamentais
para viabilizar a promoção
de destinos, a captação de
eventos e a representação
institucional”