Com pandemia da COVID-19, 46% das empresas nacionais adotaram o modelo de trabalho à distância, de acordo com a FIA, Fundação Instituto de Administração, resultando, conforme aponta o IBGE, em cerca de 9 milhões de brasileiros que executaram suas tarefas profissionais em casa durante o ano de 2020. O salto tecnológico para reuniões virtuais, a partir de plataformas como o Zoom, Google Meets e Microsoft Teams, uso de ferramentas digitais de gestão de equipe e utilização de armazenamento de arquivos em nuvem, permitiu que as empresas, mesmo com o fim da pandemia, mantivessem o trabalho remoto com seus times, uma vez que se registra economia em custos de escritório sem impacto direto nas entregas.
A crise impactou todos os setores de economia – e com o turismo não foi diferente. Em São Paulo, os hotéis, desde o início, foram considerados como serviço essencial, possibilitando a manutenção da operação. Mas, com os demais estabelecimentos fechados e pessoas isoladas em suas casas, como obter uma taxa de ocupação que justificasse a abertura?
Entre as diversas ações propostas que gerassem uma nova fonte de recurso, surgiu o Room Office, no qual quartos de hotéis passaram a ter a configuração de escritórios, com mesa, telefone e internet de maior qualidade, além de contar com toda a estrutura e serviços reconhecidos da hotelaria. Entretanto, durante o período mais rigoroso da flexibilização em São Paulo, os meios de hospedagem da capital registraram baixos níveis de ocupação, uma vez que o destino tem, por vocação, o turismo de negócios e eventos, esses, em sua grande maioria, suspensos.
Entretanto, com o avanço da vacinação, aprimoramento dos protocolos de saúde, higiene e bem estar, queda no número de casos, internações e óbitos, e abertura gradativa da economia, já se percebe a evolução do Room Office, se unindo a outras tendências, como o Anywhere Office e o Resort Office, dando luz a um novo perfil de viajante: profissionais que se estabeleceram bem no trabalho remoto e que não necessariamente precisam executar suas tarefas de casa. Ou seja, um viajante que busca um hotel para mudança de ambiente do dia a dia, podendo, em suas horas livres, aproveitar sua estadia, piscina, spa, academia e mais, além da gastronomia, agenda cultural, compras e passeios nos arredores.
Esse viajante pode explorar sua experiência sozinho, acompanhado ou em família. “Este novo turismo de negócios, pago pela pessoa física que busca um ambiente diferenciado para o trabalho, impacta em como estudávamos o setor, pois suas viagens não são necessariamente de temporada, podendo pulverizá-las por todo ano e durante dias úteis, tendo, assim, um valor diferenciado para as diárias; extensão da estadia por um maior período, incrementando a economia do destino; e aproveitando todas as adaptações que os hotéis executaram no último ano. Este movimento se torna ainda mais relevante frente a um momento em que as reuniões presenciais de negócios e eventos como feiras e congressos ainda não retornaram de forma consistente”, explica Toni Sando, Presidente Executivo do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), entidade privada, sem fins lucrativos, que atua na captação e apoio a eventos para São Paulo.
Fernando Guinato, Gerente Geral do Sheraton SP WTC, detalha que a hotelaria realizou adaptações que tanto atuam com um novo público de lazer, inédito para São Paulo, quanto para o laboral. “São Paulo é um destino de entretenimento e cultura enorme, mas que acabava se tornando mais conhecido pelos negócios e eventos. Entretanto, essa ‘descoberta’ do turismo de lazer na capital já vinha se desenvolvendo antes da pandemia, mas que foi revelada com mais intensidade com o crescimento das viagens de curta distância ou a necessidade de aproveitar o próprio destino em que reside aos finais de semana. Por outro lado, houve também uma transformação nos serviços oferecidos ao hóspede que precisa cumprir com suas obrigações, entregas e reuniões virtuais durante sua estadia”, conta.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Eduardo Sanovicz, destaca que a aviação está preparada para atender os viajantes de negócios que desejam explorar o potencial e a infraestrutura de São Paulo para reunir trabalho a distância e lazer.
“A pandemia aprimorou uma vocação natural das companhias aéreas, a de intensificar a segurança sanitária a bordo dos aviões para que a viagem se torne a melhor experiência possível. Assim, os turistas de negócios e seus familiares ou amigos podem aproveitar o que há de melhor na oferta cultural, gastronômica e de entretenimento em São Paulo”, disse Sanovicz.
De acordo com o Barômetro Visite São Paulo de julho, pesquisa mensal do SPCVB realizada com os membros dos Conselhos de Administração, Consultivo e Curador, mais de 80% dos empresários e líderes do setor apontam que irão manter o sistema de trabalho home office, ainda que parcial e com encontros presenciais estratégicos, mesmo superada a crise.
“São Paulo é um destino único. Tanto os moradores quanto viajantes de todo o País que vierem para a capital paulista para trabalhar de forma remota, poderão aproveitar os atrativos e atrações que apenas uma metrópole pode oferecer, com restaurantes renomados com culinário do Brasil e do mundo, retorno dos espetáculos e shows ao vivo, museus, compras em ruas especializadas e shopping center e muito mais”, finaliza Toni Sando.